Terça-feira, 22 de Janeiro de 2013

O inegociável Picanço

O Picanço é talvez o único sindicalista que não causa repulsa. É educado, inteligente e cativa a atenção mesmo daqueles que, como eu, não suportam a arrogância e a estupidez dos sindicalistas que atiram para o desemprego e para a miséria milhares de trabalhadores.

Tendo ganho preponderância e força a seguir ao Golpe do 25 de Abril, os sindicalistas ainda não perceberam ou não os deixam perceber que têm de parar as reivindicações para segurar os ganhos e não desequilibrar o país. Não é isso que fazem. De revindicação em reivindicação e de cedência em cedência por parte dos políticos, atiraram com milhares de empresas para a falência e dezenas de milhares de trabalhadores para o desemprego.

Apesar dos chefes sindicalistas saberem isto continuam a incitar os trabalhadores a fazer greves até rebentarem.

Chefes sindicalistas comandados por Deputados em excesso no Parlamento, que ganham excessivamente em comparação com os restantes trabalhadores portugueses e que por nada deste mundo querem largar o tacho ou diminuir o escândalo dos milhares de euros que embolsam.

O Picanço diz que o abaixamento de salários na Função Pública é inegociável, que o colocar na prateleira os funcionários é inegociável e por aí adiante. O homem até pode ter razão, e os funcionários públicos, com raras exceções, são gente trabalhadora e confiável, mas quem manda neste país já não é o Governo. O Governo português é um pau mandado. Bruxelas acha que há funcionários a mais em Portugal, e é para cortar e calar se quer continuar a beneficiar dos fundos europeus, mesmo que os tenha de pagar com língua de palmo. Os mandantes de Bruxelas acham que os funcionários públicos ganham mais do que o conjunto dos cidadãos e têm de lhe cortar a mesada, a menos que Governo, Deputados e Gestores das Parcerias Público Privadas passem a receber um quinto do exagerado pecúlio que guardam no banco.

Bem pode o Picanço picar o Governo. Este ensurdeceu por conveniência e obediência.

Há que dar um passo atrás, esperar, pensar, trabalhar e voltar ao ataque em ocasião mais propícia. Mas enquanto houver greves constantes em sectores onde os trabalhadores são bem pagos, caso dos estivadores, os da Carris, os da CP e os dos Transportes cujo dinheiro estatal passa pela bênção da TROIKA, e esta o vê deitar ao mar, Portugal entra no cano e Bruxelas não envia nem mais um chavo.

Nem o Picanço, nem ninguém se salva.

C.S

publicado por regalias às 06:53
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