Desde muito novo comecei a encher folhas de papel. Escrevia para aprender a escrever.
A escrita dava-me gozo e fazia-me companhia. Com livros, papel e lápis nunca me senti só.
Lembro-me que por volta de 1958 ou 1959 estava no Consulado de Portugal em Paris, na Avenue Kléber, e escrevi ao João Coito, julgo que ele era chefe de redação do Diário de Notícias.
Escrevi sobre o trabalho dos portugueses em França e explicava porque eles enriqueciam em pouco tempo.
Naquela época, em Paris e na maioria das cidades Francesas, abriam-se valas para esconder os fios telefónicos e outros. O trabalhador tinha de cavar, por dia, dez metros de comprimento, por um de fundura e setenta centímetros de largura. Os franceses raramente conseguiam atingir os 10 metros, os portugueses chegavam aos 30,5. Mais de 20 metros era normal.
João Coito não me respondeu. Julgo que o artigo nunca foi publicado e eu também não liguei mais ao assunto nem deixei de admirar o homem que escrevia admiravelmente.
Só anos mais tarde soube o que era a Censura e os cortes nos jornais.
Soube-o num jornal pequeno, o jornal de Fátima, para o qual o Diretor me tinha pedido para escrever o que entendesse.
A censura não se fez rogada, mas não me fez mossa, aguçou-me o engenho. A partir daí comecei a gozar muito mais com a escrita.
Quando resolvi escrever um livro em 1962, para salvar a Pátria (alguns aprendizes da escrita têm destas bazófias, eu não fugi à regra), escrevi o que me apeteceu. Falei da situação dos trabalhadores, insinuei que no Governo não podiam estar um conjunto de pulhas. Escrevi sem ansiedade, naturalmente.
O editor, se bem me lembro, era o Fernando de Sousa, tinha o escritório no Largo D. Estefânia, avisou-me que devia modificar parte do texto. Eu não concordei. Ele disse-me “a Censura vai saltar-lhe em cima e eu não posso assumir essa responsabilidade”. O livro esgotou. A Brotéria analisou-o e comentou-o. Ninguém me incomodou.
E porquê? Porque só eram apanhados os livros cujos textos fossem agressivos para o Governo ou para a sociedade e, cujos editores, para os vender em quantidade, os publicitavam, sabendo que dessa maneira perdiam 50 ou 100 livros, colocados estrategicamente em livrarias para serem apanhados, e depois se vendiam uns milhares.
Lembrei-me das manias censórias por causa das páginas centrais, 22 e 23, do último “Expresso”.
Na verdade, tenentes, capitães e coronéis eram os censores, e, que tal como o brilhante cérebro do 25 de Abril, o Otelo, tinham prestado relevantes serviços à corporação nas paradas militares.
Mas, ó Censura das Censuras! Esperemos que o imparcial “Expresso” continue com a Censura depois do 25 de Abril, que todos teimam em esconder e manipular, assim como se oculta que o cérebro do movimento corporativo do 25 de Abril, também foi o chefe dos bandoleiros das FP-25.
O bando das FP-25 assassinaram 18 inocentes para limpar o país daqueles que lhes poderiam fazer frente ao assaltar bancos e carrinhas de valores para viverem mais democrática e confortavelmente.
Só a verdade é revolucionária. A história assente em sórdidas mentiras é causa da decadência e a desgraça dos povos.
Antero de Quental ao escrever sobre "As causas da Decadência dos Povos Peninsulares" aponta os erros e os culpados. Para tapar a boca, a ele e aos da Geração de 70, os esbirros de 1871 proibiram as Conferências do Casino. Os esbirros de 1974 tornaram mais feroz a censura que criticavam ao anterior Governo.
A Comunicação Social deste país, de inconscientes em autogestão, como era conhecido no resto da Europa, alinharam, imediatamente, com os novos patrões escondendo e subvertendo a verdade.
Veremos se o "Expresso" ou qualquer outro jornal conseguem arrancar a máscara da mentira que foi colocada durante estes quase quarenta anos de libertinagem e Portugal levanta a cabeça e sacode a desgraça que paira sobre o melhor, o mais doce e o mais ingénuo povo do mundo.
C.S
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