Durante os quatro, oito ou doze anos de mandato, os Presidentes de Câmaras Municipais são acarinhados e lisonjeados. Só não lhes beijam as mãos porque o gesto passou de moda.
Logo que os mandatos acabam, acabam também os rapapés. Tudo se transfigura. São raros os que são olhados de frente ou cumprimentados com prazer.
Ontem mesmo ouvi cobras e lagartos sobre um Presidente de Câmara que não se recandidatou por causa da lei de limitação de mandatos.
Nuno Abecasis, passados uns anos depois de ter deixado de ser Presidente da Câmara de Lisboa foi fazer uma palestra ao Café Martinho da Arcada. A sala ficou vazia. Só eu e duas amigas que tinha convidado para jantar, um jornalista e o gerente, o Sr. Sousa, ninguém mais se interessou por ouvir as palavras e o conhecimento de um homem que tinha dado o seu melhor para servir Portugal como Deputado, Secretário de Estado das Indústrias Extrativas e tinha sido um esforçado e popular Presidente de Câmara.
Nada destas credenciais lhe serviram para alguém lhe revelar gratidão, simpatia ou interesse por um conhecedor da realidade portuguesa e das capacidades que o povo tem para recuperar das dificuldades.
Mas, se a ingratidão é enorme, a indiferença ultrapassa-a. O português só reage e tenta aprender no último minuto. E tanto acontece na preparação de uma festa, no acabamento dos trabalhos de uma escola, de um hospital ou de uma ponte. No dia da inauguração ainda há trabalhos para acabar.
No tempo de Salazar isto não acontecia. Havia regras a cumprir e, aqueles que falhassem tinham de ressarcir o Estado dos prejuízos causados. Se por acaso as obras eram entregues antecipadamente os empreiteiros recebiam um bónus referenciado no contrato.
Por este motivo e por muitíssimos outros o povo sente-se tremendamente enganado e não acredita em nada nem em ninguém.
Hoje perdeu-se o sentido do dever. Ninguém tem obrigações a cumprir.
E o mal começa logo na Casa da Democracia e da liberdade. E ela é tanta e tão exagerada que os Deputados se dão ao desplante de não clarificar a Lei de Limitação de Mandatos e originam uma série de imbróglios que os ex-Presidentes de Câmara que tinham cumprido doze anos de mandato e por isso estariam impedidos de voltar a habilitar-se a cargo semelhante acharam que não era bem assim. Como a Lei permite outras interpretações, alguns resolveram concorrer às Câmaras da vizinhança com o apoio dos próprios Partidos e de alguns membros do Governo.
Tenho de me confessar revoltado e triste por aquilo que está a acontecer ao povo.
Um país que está defendido por estes indigentes mentais é um país votado ao fracasso, à miséria e ao desaparecimento como país independente.
C.S
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