Dava aulas no Liceu em Tomar, tinha muitos alunos particulares depois das 18 horas e um aluno especial às 7 da manhã, o advogado, Dr. António Tamagnini, para ir a um Congresso a Londres.
Tinha começado as férias no Liceu e minha mulher decidira que eu devia descansar.
Quando me apareceu mais um aluno particular pedi-lhe desculpa e indiquei-lhe outros professores.
Passados seis ou sete dias voltou a bater à porta e disse-me de rompante: “Desculpe professor, mas eu tenho fé é no senhor, leve-me quanto quiser, eu não tenho dinheiro, mas pago-lhe quando regressar de França.” As pessoas conhecem-me.
Aquele “tenho fé no senhor” quebrou-me a vontade de descansar. Perguntei-lhe: o sr, faz o quê?
“ Sou chefe da Oficina do sr. Câncio”
É chefe, e vai sair?
“O sr. Câncio diz que não me pode aumentar duzentos escudos” 1Euro, hoje.
Vamos fazer o seguinte: o sr, dá.me umas luzes do seu trabalho e eu ponho-o a falar francês.
“O meu trabalho é todo prático, disse ele”
O meu, é quase todo.
“mas o sr. vai sujar-se na Oficina”
O sr. Câncio não deixa?
“Deixa. Ele é boa pessoa e eu sou o chefe da Oficina. Ele confia em mim.”
Quanto a sujar-me, não faz mal. Levo roupa velha.
Passado um dia trabalhava na Oficina de eletricidade e, 5 ou 6 dias depois, o meu trabalho era tão eficiente que o chefe da Contabilidade o debitava como se eu fosse um profissional.
Havia muito gente que passava por lá só para dizerem umas chalaças.
“Então professor, mudou de emprego?"
Eu respondia: temos de deitar a mão ao que aparece. A vida está difícil...
O sr. António, depois das primeiras 3 lições pediu-me se a ele se podia juntar um sargento que na Oficina arranjava as televisões e rádios, mas também queria ir para França.
Concordei. Ao fim de 15 dias de aulas e ter verificado que eram duas pessoas interessadas e muito trabalhadoras, resolvi dizer-lhes:
Aqui é que é a França. Aqui podem ganhar tanto ou mais dinheiro como no estrangeiro.
“Como?” perguntaram ambos.
Criando uma oficina.
“Onde?”
Na região.
“Não temos dinheiro”
Eu empresto o dinheiro, sem quaisquer juros.
Para não alongar a história, os dois amigos criaram a “Repal Ourém” e foram tão bem sucedidos que dinheiro nunca mais lhes faltou.
Já há anos que não os contacto. A Repal Ourém ou a venderam ou mudou de lugar e de nome.
Enquanto funcionou foi sempre um exemplo de qualidade.
Portugal é tão rico como qualquer país bem Governado.
Salazar mostrou isso. Partiu do Zero.
Temos em Portugal toda a matéria para tornarmos o País um verdadeiro paraíso, sem pobres, e com trabalho de grande qualidade e bem remunerado. Pense no assunto sem egoísmo, com amor e querer.
Coloque a máscara. Todos unidos e competentes seremos sempre mais fortes.
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