Terça-feira, 23 de Junho de 2020

Preciso apenas de cumprir o meu dever

A frase supra citada é de Salazar.

Salazar esteve no Governo entre 1928 e 1968. Desempenhou o cargo de Ministro em vários Ministérios. Sempre que faltava um Ministro, ele ocupava o lugar. Poupava dinheiro ao Estado e acertava pormenores, se havia necessidade de acertar, sem melindrar o Ministro que teria de ocupar aquele lugar.

Quando os Militares fizeram a revolução de 1926, em que derrubaram Primeira República, também o chamaram, mas não concordaram que todos os Ministérios tivessem de ficar subordinados ao das Finanças, para nunca ultrapassarem as despesas orçamentadas. Como não aceitaram, ao fim de oito dias regressou a Coimbra.

Passados dois anos, em 1928, ao voltar a ser chamado, os Militares concordaram com ele. Regressaram aos quarteis, mas ficaram senhores da Censura e da segurança do País.

Entre 1926 e 1973, os Militares tiveram sempre as rédeas da Censura. Quando em 1973. Marcello Caetano substituiu o Diretor Militar por um civil, o Dr. Mário Bento Soares, eles não gostaram.

O Marcelo, dos nossos dias, que em 1973 trabalhava no Jornal “Expresso”, fazia gosto em levar as páginas do jornal à Censura só para mortificar o Dr. Bento, a quem ele tratava sempre por Dr. Mário Soares. Este pedia-lhe para o tratar pelo outro nome, mas Marcelo nunca cedeu à brincadeira e assim vingar-se de ter de mostrar o material impresso.

Salazar pouco se importava com estas minudências.

Para se aquilatar a maneira de trabalhar deste Homem excecional, a quem Portugal tanto deve e que, Comunistas e Capitalistas detestavam, por razões diferentes, relembro uma pequena história.

Cunha Leal era um político, muito frontal e muito polémico. Quando achava que Salazar errava, ele ia para os jornais e desancava o Primeiro-Ministro. Às vezes a Censura cortava-lhe o desaforo; então ele escrevia livros ainda mais virulentos. Uma das vezes em que isso aconteceu, ele mandou o livro, já impresso, a Salazar e pediu-lhe que o lesse; mas com receio que o livro pudesse ser apreendido (Os livros não iam nunca à Censura. Só eram proibidos se houvesse alguma queixa contra o conteúdo, como ainda hoje acontece), pedia também a Salazar que isso não sucedesse.

Salazar respondeu-lhe que, quanto à Censura podia estar descansado, agora ler o livro não prometia. O trabalho no Governo não lhe deixava muito tempo livre.

Por hoje ficamos por aqui, tinha pensado falar-lhe de como a evolução do País se processou no tempo de Salazar, mas as conversas são como as cerejas e o Blog não pode ser muito grande.

As minhas desculpas.

 

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C.S

publicado por regalias às 07:45
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