Miguel Torga, que sempre fora considerado um homem de esquerda, ao ver o rumo que a revolução tomava, não hesita em escrever aquilo que tanto militares como políticos não queriam ouvir, mas que era a triste verdade que vivíamos e que iria gangrenar o país até aos dias de hoje:
“A mais imunda vasa humana a vir à tona, as invejas mais sórdidas vingadas, o lugar imerecido e cobiçado tomado de assalto, a retórica balofa a fazer de inteligência”.
O país está exangue. Tinham sido aprovados os tribunais revolucionários para que não existissem dúvidas sobre o que aconteceria àqueles que discordassem dos métodos adotados pelos militares do MFA e do seu tutor.
O povo sente que algo de grave se vai passar. O comércio das armas aumenta e cada um trata de arranjar a sua defesa sem que políticos e militares, envolvidos em polémicas e insultos se tenham apercebido que o terceiro elemento do país também teria uma palavra a dizer caso a situação desse para o torto e fosse desencadeada a guerra civil.
Depois do 11 de Março tudo se precipita.
A Junta de Salvação Nacional é substituída pelo Conselho da Revolução com o apoio do PC, que deste modo segura Vasco Gonçalves nos quarto e quinto Governos, mas cuja radicalização irá ser mais prejudicial do que benéfica o que permitiu que as forças moderadas se fossem organizando ao mesmo tempo que os civis do interior do país faziam o mesmo.
Mas Álvaro Cunhal não pára. Está em todas as frentes. Em Angola tinha conseguiu impor Rosa Coutinho para Presidir à Junta Governativa. De lá virão oficiais de grande capacidade e fidelidade ao PC e que tornaram o Verão Quente mais forte na área comunista: Arnão Metelo, Correia Jesuíno, Alfredo de Moura e José Emílio da Silva.
O verdadeiro homem de mão de Cunhal é Melo Antunes. Sem nunca dar nas vistas, este foi sempre reportando a Cunhal tudo o que ele necessitava de saber para conseguir o seu grande objetivo: a independência das colónias para ficarem na área de influência da URSS.
Spínola é o único que descobre as intenções de Melo Antunes e as denuncia sem ir ao fundo de toda a estratégia.
Spínola no “País sem Rumo” escreve:
“Completando este quadro de alta traição a Portugal…Melo Antunes, então Ministro sem Pasta…e termina repisando as palavras alta traição.”
A verdade é que Spínola não tem coragem de denunciar o maquiavélico camarada de armas e os camaradas pagam-lhe elevando-o a Marechal.
Cunhal e os militares que lhe são afetos só não tomam conta do país porque as palavras inflamadas de Vasco Gonçalves ao acirrar à violência vai voltar contra eles os civis do Norte e Centro do país.
Melo Antunes, que estava informado dos movimentos dos civis e das intenções dos seus camaradas de armas se oporem a qualquer tentativa de tomada do poder de forma ilegal, conta as armas, junta-lhes os civis e vê que a situação é desfavorável para a Esquerda Comunista. Convence Cunhal a não reagir.
Melo Antunes antecipa-se aos moderados, escreve o chamado Documento dos Nove e fica com autoridade para proteger o Partido Comunista e evitar o seu desaparecimento.
Esta é minha leitura sobre o que aconteceu. Vivi esta época. Confesso que estava disposto a resistir a qualquer loucura que pusesse em causa a sobrevivência de Portugal e a esmagar ainda mais o Povo Português.
C.S
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