A desvalorização da mulher foi o primeiro sinal para o homem se desinteressar de tudo quanto possui.
A saturação de bens, em abundância e sofisticados já não entusiasma muita gente.
Em meados do século passado os jovens deliravam com um bola feita de meias velhas e um arco para fazer corridas. No arco colocava-se uma vara de metal semelhante, normalmente em ferro, e com um gancho aberto onde o arco se equilibrava e rodava.
As raparigas faziam bonecas de trapos. Todos os restos de fazenda, já bastante coçada, eram aproveitados para imaginar os bebés e o carinho a dar-lhes.
A felicidade jorrava da expressão dos jovens. No mundo, não haveria País tão feliz apesar das dificuldades serem muitas: a Grande Depressão Americana, a Guerra Civil de Espanha, as senhas de racionamento, os automóveis e camionetes a cair por faltas de peças, os pneus remendados com a borracha de pneus velhos, os comboios com máquinas a vapor, a Segunda Guerra mundial.
Tudo isto espevitava a imaginação. Jovens e adultos nunca deixaram de celebrar o Natal e todas as festarolas onde os mais velhos davam um pé de dança e arranjavam namoricos, enquanto os jovens se divertiam a fazer partidas uns aos outros e a inventar histórias para arreliar os mais peludos que juravam a pés juntos que não tinham dado um beijo à namorada, o que era pecado e um escândalo.
A miudagem não se preocupava com as consequências, esqueciam rapidamente todas as maroteiras. A vida corria feliz.
Hoje todos têm tudo e nada satisfaz.
Por que será?
Julgo que é por excesso de quantidade. Os telemóveis mudam todos os meses. As grandes empresas dão-lhes novas cores, um novo design, como agora se diz, acrescentam mais umas funcionalidades e entram em catadupa nas mãos dos clientes que ficam indiferentes quando se estragam, apesar de serem caros. Com os automóveis acontece o mesmo. A quantidade deu cabo da novidade e do interesse.
O ser humano tem tudo para ser feliz e cada vez está mais longe da felicidade.
O valor das coisas tornou-se insignificante. O ser humano não sabe mais o que fazer.
Eu ensaco-me de trabalho. Faço estudo comparado de línguas, respondo a perguntas sobre livros e encaminho aqueles que, nos Politécnicos, tentam desesperadamente unir o trabalho braçal ao mental para que a remuneração e o saber os compensem pelo esforço.
Só assim me consigo manter vivo.
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C.S
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