Hoje, ao divagar suavemente sobre algo que há 50 anos seria escandaloso e próprio de um devasso sem vergonha, fi-lo mais para me convencer a mim mesmo que o mundo Ocidental tinha mudado radicalmente e que a aproximação entre o racional e o irracional é muito mais estreito do que imaginamos.
Tenho poucos amigos, não menos de 500 e não mais de 1000. Mas são todos bons; frontais, diretos. Dizem o que têm a dizer. Não estão com palavrinhas doces. São assim desde que nos conhecemos. Alguns com mais de 75 anos.
O Estado Novo nunca lhes cortou a língua e o pensamento. Todos subiram na vida sem terem necessidade de fazer revoluções falhadas como a que fabricou o galinheiro de São Bento, muito mais ridículo e ineficaz do que galinheiro de Salazar, nos jardins do Monastério, que produzia ovos frescos, cacarejando menos, e produzindo milhões de vezes mais.
Não estou a dizer nada que não se saiba e não se oiça à boca pequena.
Um desses meus amigos, oficial, incapaz de criticar os camaradas, é aquele que me envia tudo o que brilha no mundo. O mau e o bom.
Ontem mandou-me a tentação em que as japonesas andam loucas com as argolas. Hoje enviou-me as 50 melhores pinturas do mundo. Falta lá pelo menos uma, a do meu amigo Luís Gonçalves, orgulho da cidade da Guarda e de todos os seus amigos que gostam de o espicaçar para ouvir lições de pintura, que de outro modo nunca conseguiriam.
A modéstia, a simplicidade e a naturalidade são características dos portugueses. Com a velhice agravam-se e por isso têm de ser espevitadas para se ter a certeza que ainda mexem ou se são já múmias ambulantes à espera do dia das surpresas em que partem para o infinito a preparar o lugar aos retardatários.
Os velhos mexem bem até quase aos 90 anos, a partir daí, salvo raras exceções, só dizem baboseiras.
Aquilo a que não resistem os velhos é saber até morrer. A sua sede de conhecimento é infinita. Entre as loucuras das japonesas e os quadros de um Caravaggio, de um Rembrandt, de um Velasques, comparados com os vídeos excitantes das belas e loucas japonesas, preferem os segundos.
Ao tempo dos apetites sexuais, mesmo que ainda os tenham e nunca devem ser subestimados, preferem acalmar com a beleza dos quadros que os transportam ao sonho e à saudade do passado distante e irrepetível.
Anterior “Sem terra para conquistar, portugueses fazem-se ao mar”
C.S
. Portugal, País de marinhe...
. Acredito na inteligência ...
. Todos mandam, ninguém se ...
. “Liga” perde combate na c...
. Em 146 a.C destruíram Car...
. O fim da guerra com estro...
. Estupidez criminosa alime...
. Tanto quis ser pobre, que...