Tudo é bullying. Se os pais ralham aos filhos é bullying. Se os professores levantam mais a voz, é bullying. Se, se, se, é bullying.
Antigamente o bullying era indiferente. Uma varada, sempre controlada ou uma bofetada era aviso. Crescíamos rijos e atentos ao perigo.
Houve um tempo em que eu procurava Deus em todos os cantos.
Um amigo lembrou-me várias histórias a que ele assistiu.
Estávamos na aula do Dr. Carriço, médico e professor de Educação Física, no local de jogos do Liceu Nun’Álvares. Sentados no chão e de pernas cruzadas, 28 ou 29 alunos fazíamos os exercícios que o Carriço desfiava: um, dois, três, braços e mãos bem esticados para a frente. Um, dois, três, braços e mãos bem esticados para a direita, roda a cabeça, sempre bem firme. Um, dois, três, braços e cabeça para a frente. Um, dois, três braços e cabeça para a esquerda, sempre firmes e bem esticados. E o professor insistia no exercício. Numa das voltas entrei noutro mundo. Fiquei de braços e mãos estendidos, uns bons sete minutos depois de o exercício estar terminado, com toda a classe a rir, menos o Carriço.
Quando viu que nem o barulho me fazia regressar ao normal, foi ao pé de mim e, com aquele vozeirão que todos os alunos não esquecem, chamou-me. Olhei para ele espantado. Levei dois estalos com tanta força que o segunde me ajudou a levantar e a fugir do Carriço que ainda me tentou agarrar. Entrei no vestiário, agarrei calças, camisa e sapatos e embrenhei-me pelo interior até às casas de banho mais afastadas.
Depois de vestido e já no intervalo fui para o pátio interior. Continuei à procura do Infinito. Uma mão possante agarrou-me o ombro. Era o meu carrasco que me deu um sermão. Daquela vez escapava de ir ao Reitor e que eu era um hedonista, palavra que ainda não constava do meu dicionário. A bem sortida Biblioteca do Liceu tirou-me as dúvidas. Acertou.
Do Carriço tive várias fugas. Sempre para meu azar e dos meus colegas, que eu maltratava sem querer. Carriço, o justiceiro, bem tentava apanhar-me... Mas, gato escaldado...
Convenci-me que o Carriço me trazia debaixo de olho. Tinha duas filhas lindíssimas e eu andava com ideias. Tive que as abandonar.
As mãos do Carriço não eram para brincadeiras.
A educação naquele tempo era menos conversa e mais ação.
São os tempos, é a vida, como ficou para a história a frase do meu amigo António Guterres, que sem bater em ninguém e amor pelo trabalho a favor do ser humano, conquistou o lugar de Secretário-Geral da ONU.
Anterior “Bullying, proteção exagerada é pior que atenção”
C.S
. Aos velhos para não se se...
. Inutilidade e parasitismo...
. Ramalho quer imitar Bobby...
. A grande vantagem das rem...
. Cardeal Porras, o Judas V...
. Sete milhões vão autoproc...
. Caos na Líbia e na cabeça...
. Greves, piolhos, percevej...
. A Mosca e a irresponsabil...
. Grã Bretanha em pelo, na ...