As brincadeiras de crianças e jovens agora chamam-se bullying.
O resultado não se fez esperar, os miúdos passaram a ser considerados queixinhas e maricas, tudo devido aos familiares que exageram nas tricas.
Na Inglaterra, em Portugal e noutros países desenvolvidos e sensatos, esses arrufos entre jovens sempre fizeram parte do crescimento. Quando havia algo de mais grave, os contínuos ou professores das escolas reportavam ao Reitor e estes chamavam os intervenientes nos desacatos e resolviam a questão. Depois ninguém pensava mais no assunto, nem os jovens ficavam molestados psicologicamente. Agora, com tantos psicólogos e psiquiatras à procura de trabalho altamente rentável, a Comunicação Social ajuda à ladainha e o bullying à apatia.
Recordo um facto passado no Liceu Nun’Álvares de Castelo Branco.
Estava no 1º ano, hoje quinto, as corridas, o futebol e os empurrões eram as brincadeiras nos intervalos. Não havia telemóveis.
O Zé Penha era de Alcains, entrava sempre nas liças. Um dia, sem querer magoei-o; a campainha tocou. O Zé vinha atrás de mim e a dizer: hás de pagar, hás de pagar. Farto de o ouvir voltei-me e estendi a perna. Apanhei-o por baixo do joelho e aí, apesar de a pancada ser pequena ficou magoado. Entrou na sala a chorar. Era a aula de moral com o Cónego João.
- Choras porquê? – Perguntou o padre.
E a garotada em coro, que via ali a oportunidade para brincar, apontou para mim. O Zé deixou de chorar, mas o Cónego disse:
- No fim da aula vais ao Sr. Reitor.
O Reitor era o Dr. Sérvulo Correia, que tinha fama de ser muito mau e que dava umas chapadas que atiravam o aluno para debaixo do quadro que tinha no Gabinete.
Era só fama. O medo guarda a vinha.
O Reitor perguntou ao tonsurado o que queria. Ele começou a lengalenga; aquele menino, o Zé Penha, chorava como uma Maria Madalena. O Reitor disse-lhe com cara de poucos amigos: “chega, pode-se ir embora”.
Fiquei eu, o Zé e o Reitor que disse ao Zé para contar os factos.
Voltou-se para mim: como compreendes, tenho de te castigar, mas tu é que escolhes qual vai ser o castigo. Queres um dia de suspensão, um par de bofetadas ou oito dias à porta da Reitoria, durante os intervalos?
Respondi imediatamente: “Oito dias à porta da Reitoria”. Vi que sorriu.
A Reitoria ficava junto do vestuário das raparigas. O castigo era uma delícia. As mais velhas ao passarem vinham sempre dizer-me “és um malandreco. Olhavam para os lados e diziam: dá cá um beijinho. Porta-te bem. Outras davam-me palmas nas pernas. Eu usava calções.
Três semanas depois, o Reitor calhou a sair num dos intervalos. Ao ver-me perguntou: “que fazes aqui? “ Fiquei muito vermelho e respondi a medo: “estou de castigo”.
A voz firme do Sérvulo Correia soou pelo corredor: ponha-se a mexer imediatamente!
Inventar medos e bullying é muito pior do que uns pequenos arrufos entre os jovens, sempre dirimidos pelo Conselho diretivo, caso seja necessário, mas nunca pela intervenção dos pais ou de técnicos de ocasião que servem só para aumentar os gastos, o barulho e a confusão.
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C.S
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