A primeira vez que entrei em Espanha, o choque foi tão grande, que eu miúdo de seis ou sete anos não desejava estar naquele lugar.
Eu vivia na raia e meu pai, mais os amigos iam visitar outros companheiros e levar-lhes o que lhes faltava. Um dia levou-me com eles.
Era uma Espanha de negro, de escombros, de tristeza.
Cinco anos mais tarde, um tio meu foi destacado pela CP para Chefe da Estação dos Caminhos-de-Ferro em Badajoz. O filho é da minha idade. Como ele passava as férias grandes em minha casa, também quis ir passar uns dias com ele. Como meu pai tinha o seu trabalho disse-me que não me podia levar. Eu que gosto imenso de comboios e naquele tempo as máquinas deslumbravam-me com as chaminés fumegantes, elegantes e o pouca terra, pouca terra daquele barulho cadenciado, disse-lhe que eu podia ir sozinho.
Meteu-me no comboio na Estação da Fatela-Penamacor, falou com o maquinista e com o revisor e lá cheguei inteiro e feliz como um pardal.
A Estação de Badajoz tinha também alguns comboios, mais magritos que os nossos. Quando cheios de passageiros eram muito divertidos, faziam que andavam, mas não andavam, primeiro que arrancassem deitavam os bofes de fora.
Comecei a gostar. A Cidade, embora com bastantes casas destruídas já tinha um ar agradável, o pior eram as mulheres todas vestidas de negro, com ar sempre triste e incapazes de um sorriso ou de uma pequena caricia a miúdos portugueses sempre com um ar feliz nos lábios e à espera de uma laracha.
Foi a Espanha de 1945/46 que eu senti e que com o meu primo e naqueles comboios que adorávamos percorremos sítios tão distantes como Mérida. Duas crianças de 10, 11 anos e que apesar de a Guerra Civil ter terminado em 1939, viajavam até onde a luz do dia, dava para ir e voltar. A segurança no país era total.
Como o Blogue é pequeno tenho de me despachar.
Resumindo: apaixonei-me por Espanha. Durante a juventude esquadrinhei a Espanha de Norte a Sul. O escudo era mais forte que a peseta e os meus pais só tiveram um filho a quem faziam todas as vontades.
Anos mais tarde, estava com 42 e era Deputado no Parlamento Português, causei um escândalo imenso quando dos 262 Deputados votaram contra Espanha e só um votou a favor.
A Espanha que eu tinha conhecido de rastos tinha-se rejuvenescido, estava fulgurante, as pessoas já sorriam, falavam alto e descontraidamente, as cidades, vilas e aldeias tinham ganho vida e beleza. O progresso era evidente.
Podem dizer o que quiserem contra Franco. E com alguma razão, mas se não fosse o pulso forte do Caudilho e a inteligência dos Governantes espanhóis, aquilo que levou trinta anos a reconstruir teria levado sessenta e quem sofreria era o povo.
Nunca me arrependi de votar a favor de nuestros hermanos.
Depois das eleições de ontem espero que todos pensem no país de força e beleza onde vivem.
Arriba Espanha!
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