A expectativa não me deixa grandes esperanças. Aqui há cinquenta anos a genica dos homens de oitenta era bastante diferente dos homens de hoje, quebradiços, desanimados, barafustando, criticando e hesitando.
Alguns de oitenta estão desorientados por aquilo que acontece todos os dias. Nada é bom e as notícias deixam-nos confusos.
O realizador Paulo Rocha, anos antes de morrer e já não podendo suportar todas as desgraças que aconteciam em Portugal e no resto do mundo, deixou de abrir a televisão e de ouvir rádio.
Já contei num Blogue sobre o que vi na sua casa de Lisboa.
António Champalimaud, que ficou sem todos os seus bens a seguir ao 25 de Abril, teve de refazer toda a sua vida a partir dos 65.
Mas 65 anos não são oitenta. Aos sessenta e cinco o homem está cheio de vitalidade. Não há nada que lhe meta medo.
Quando o conheci, além de querer ser Presidente disse-me que desejava ligar o Sul e o Norte de Portugal por barco. Mostrei-me tão entusiasmado e com algumas ideias sobre o assunto que ele me perguntou: você é capaz de escrever tudo o que me está a dizer? Disse-lhe que sim e entreguei umas 10 páginas no escritório que tinha, se não me engano, na Rua Castilho. Ele devia ter desistido da ideia pois nunca mais me contactou.
Relembro estes episódios para comparar idades, mas julgo que mesmo depois dos oitenta e até quase aos cem, desde que a força de vontade não falte e o cérebro não fique afetado pela descrença, o ser humano conseguirá ultrapassar todos os obstáculos.
Ainda há dias ouvi e vi um vídeo com uma conversa entre Siza Vieira e Eduardo Lourenço; os dois estão na linha. Siza com 86, Eduardo com 96 e pensamento claro como água.
É verdade que Siza Vieira está bem diferente do Siza Vieira que entrevistei para o jornal “A Província” quando recebeu o prémio Alvar Alto.
Ainda ninguém falava do assunto. Eu soube no próprio dia por uma querida amiga finlandesa, que estava apaixonada por Portugal. Queria conhecer todos os recantos. Mostrei-lhe tudo.
Nesse dia tive de falar por telefone com Nuno Abecasis. Quando lhe contei o que acabava de saber hesitou e respondeu: “tens a certeza que isso é verdade?”
Nas mulheres acredito tanto como em Deus.
Ele ficou tão escandalizado que desligou o telefone.
Vamos ver se o corpo a partir dos oitenta consegue refazer a vida.
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C.S
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