O desinteresse pela política atingiu um grau tão elevado que o próprio Governo parece ficar contente com o desviar das atenções para outros eventos sem relevância para a condução do país.
Ao terem sido programados quatro jogos de futebol no domingo, dia 24, entre as 16 horas e as 20,30 cujo final será por volta das 22 e 15 e sabendo-se que o povo, para não viver em stress, tem de ter algo que o distraia, a Federação e Governo não arranjaram melhor lenitivo do que lhe dar futebol que até o faça esquecer de votar e muito menos ouvir os comentários dos politólogos depois das 20 horas e que, ingenuamente, ensinam ao povo o que aconteceu, porque aconteceu e todos os quiproquós que levaram àqueles resultados.
Para os árbitros, os prélios ficam isentos de críticas. Cada um decidirá como entender. A culpa dos erros será sempre das eleições e nunca daqueles anjos que, muitas vezes, mesmo que queiram, o gene do club impede-lhes assinalar as faltas da paixão e distinguir as do rival.
Em Castelo Branco havia, não sei se ainda é vivo, o maior apaixonado pelo Benfica que alguma vez encontrei em qualquer lugar.
Era vendedor de jornais, ardina que percorria a cidade de lés-a-lés, entregando os jornais em lojas e casas particulares. Fazia dezenas de quilómetros com a sacola atulhada e que enchia várias vezes por dia.
Os jovens admiravam-no. Embora fosse de poucas falas, bastava falar-lhe no Benfica para dar uma lição entusiasmada do glorioso.
Tinha outra particularidade. Jogo do Benfica em Lisboa, ele metia-se a caminho e para poupar o dinheiro de comboio ia em passo estugado até à capital. Regressava pelos mesmos meios. Ele sentia-se orgulhoso de honrar e mostrar o amor pelo clube fazendo a viagem a butes.
Já eu tinha saído de Castelo Branco quando soube que tinha comprado uma papelaria no centro da cidade. Fiquei feliz. O homem tinha cumprido os sonhos da sua vida. Saíram-lhe do corpo, mas ele, nunca deu por mal empregue o esforço.
Se recordo com prazer o ardina, as suas alpergatas e a cara enxuta de suor, mesmo depois de ter despejado já as duas primeiras sacadas de jornais e ter vencido a vida; da mesma maneira me envergonho dos políticos videirinhos que sem dignidade representam o país.
Nada lhes importa, esteja bem ou mal, o que interessa é caçar votos sem chatices ou quaisquer problemas que eles achem que são de lana-caprina e nunca para a dignidade do Estado e para defesa do cidadão.
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C.S
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