Desde muito novo duvidei das minhas capacidades embora alcançasse sempre o que pretendia.
Naquele tempo a palavra burro era vulgar assim como as sovas dos pais e o incitamento aos professores, pelos progenitores para que lhes carregassem, que lhes arrancassem uma orelha se não soubessem a lição e outros gestos semelhantes próprios daquela época e em todo o mundo.
Mas o mundo evolui; hoje caiu-se no exagero contrário.
As lutas entre os rapazes eram frequentes, agora são bullying, e sempre sujeitas a processos disciplinares. No meu tempo também havia.
Eu fui um dos premiados. Num jogo renhido de futebol, no enorme espaço que fazia parte do Liceu Nuno Álvares, em Castelo Branco, dei uma canelada no meu saudoso amigo José Penha, natural de Alcaíns. Como tocasse a campainha, largámos o futebol e corremos para as aulas. Ao subir as escadas para o primeiro andar.o Zé Penha, atrás de mim, não parava de me ameaçar. Farto de o ouvir, voltei-me e dei-lhe um pontapé; começou a chorar. Andávamos no primeiro ano. Assim entrou na aula. O cónego João, que era bom homem, mas fraca figura, perguntou-lhe: ah, menino porque choras? E a miudagem em coro: foi o C.S que lhe deu um pontapé.
Vais ao senhor Reitor. Ele nunca tinha levado ninguém à temível justiça do Reitor.
Sérvulo Correia tinha fama de ser uma fera.
O Cónego ao ver o Reitor, com grande subserviência disse:
Este menino, o Zé Penha, estava a chorar como uma Madalena arrependida.
- Pode-se ir embora, disse-lhe, secamente, o Reitor. Voltando-se para o Penha: diz lá o que aconteceu. O Penha começou a fazer história; quis interrompê-lo. Sérvulo Correia mandou-me calar e mandou o Zé para a aula seguinte. Sérvulo Correia olhou-me. Tenho de te castigar. Vou dar-te os castigos. Escolhe.
Primeiro, um dia de suspensão das aulas; segundo, um par de bofetadas; terceiro, oito dias à porta da Reitoria, durante os intervalos.
- Oito dias à porta da Reitoria, senhor Reitor.
- Começas amanhã e não voltes a dar pontapés aos teus colegas.
A Reitoria ficava junto do vestiário das alunas dos últimos anos. Quando passavam por mim e o Reitor não estava no cubículo, paravam, davam-me palmadinhas nas faces e nas pernas e quase sempre um beijo.
Eu já começava a espigar. Via-me no paraíso. Passou a primeira semana, passou a segunda, ia no final da terceira, quando o Reitor reparou em mim.
- Que estás aqui a fazer?
- Com ar inocente, respondi num sussurro:
- Estou de castigo, senhor Reitor.
- Ponha-se a mexer, seu malandreco! Pelo rabo do olho vi o olhar feliz do Reitor; ao fundo, as miúdas entre os cabides do vestiário, faziam-me adeus.
Nesse ano cresci quase um palmo, as miúdas nunca mais me saíram da cabeça. Pedi desculpa ao Zé Penha, e paguei-lhe um pirolito, como agradecimento por ter ficado naquele paraíso que tantas vezes me fez perder a cabeça e preferir os romances e as novelas do que os livros de estudo.
Desculpe. Comecei pelos burros inteligentes e nunca mais me explico.
Estes acidentes fazem que muitos pensem que os portugueses são burros. Não é verdade.
Depois de dar muitas voltas na cama decidi fazer-me à estrada, entrei Europa fora, desisti de toda e qualquer riqueza e decidi estudar o ser humano. Assim fiz. Verifiquei que os portugueses não eram menos inteligentes do que os outros povos. Cheguei ainda há conclusão que a maioria dos portugueses prefere o ser (compreender a vida, saborear a vida) ao ter (encher-se de dinheiro).
Quando comecei a dar aulas tive alunos a quem ensinava para fazerem o segundo ano; ou quinto; ou o sétimo; anos terminais, antes do 25 de Abril.
Depois os alunos, com mais de dezoito anos e queriam fazer só o segundo, fizessem o segundo e o quinto-
A seguir convenci alguns alunos a fazer os sete anos do Liceu, em dois anos.
Como era possível eu ter falhado, quando jovem? Afinal tudo é fácil; basta atenção e vontade.
Há um ano licenciou-se um aluno impossível. através do SKYPE, incitei.o a estudar. Em 4 anos, ultrapassou o 12º ano e os três anos do Politécnico de Portalegre, tendo-se licenciado em Serviço Social.
Não há burros em Portugal.
Quando nascemos todos trazemos a semente da inteligência, só é necessário que alguém a desperte.
Salazar compreendeu perfeitamente o povo. A situação calamitosa em que se encontrava, não o desmoralizou. Teve a coragem de convencer os Militares em Abril de 1928, com o País de rastos e sem quaisquer soluções à vista, com a frase “Sei muito bem o que quero e para onde vou”
Costa e Centeno também não podem ter medo do tempo em que nos encontramos, e aqueles para quem é mais fácil falar do que fazer. Portugal têm dez milhões que só precisam acreditar, em quem os Governa, para atingirem os objetivos em que todos acreditam: firmeza, coragem, trabalho e honestidade.
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C.S
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