Capitulo quarto
Quando Daniel abriu os olhos encarou Mariana que lhe esfregava o corpo.
- Que está a fazer?
- Limpo-o do pó.
- Chamou alguém?
- Não.
- Como conseguiu trazer-me para aqui?
- Levantando-o, como quem levanta uma pena.
- Diga a verdade. Por que está aqui? Que horas são?
- Quatro da manhã.
- Quatro da madrugada...e a senhora aqui?
- Estava a passar perto da fábrica quando vi luz no seu gabinete. De repente senti que tinha acontecido algo de estranho porque o senhor parecia voar. desliguei os alarmes. Entrei pela porta privada. Subi rapidamente e encontrei-o coberto deste esquisitíssimo pó. O gabinete está sem um único quadro, móvel ou tapetes. Tudo desapareceu.
- Como vim parar à marquesa do gabinete médico?
Quando fiz a primeira limpeza, olhei para o senhor e de opaco e rijo só tinha o sexo.
Olhei-o espantada. Através do seu corpo, da sua cabeça, pernas, pés e braços, via o mármore róseo que cobre o chão. Temi que o senhor só fosse espírito. Toquei na parte que me pareceu mais sólida.
- Mariana...
- Tenho de ser sincera. No resto do corpo dava-me a impressão, caso lhe mexesse, que o atravessava de lado a lado. Depois, tirei-lhe o pó que o cobria. Ao tentar levantá-lo, apercebi-me que não tinha peso.
- Mariana.
- Agarrei-o com todo o cuidado e transportei-o para aqui.
- E não chamou ninguém? Alguém sabe do sucedido?
- Não. Uma voz estranha, mas que parecia já ter ouvido sussurrava-me: "agarra-o e leva-o daqui". Foi o que fiz.
- E conseguiu... colocar-me assim, sem qualquer esforço?
- Bem, sem esforço também não foi.
- Está a esconder-me alguma coisa.
- A verdade é que ao chegar a este gabinete, eu que o transportava nos braços, como quem transporta um boneco, ganhou muito peso.
Caí e fiquei com o senhor em cima de mim, uns bons vinte minutos. Senti-me bem.
Coloque a máscara. A vida traz-nos surpresas inacreditáveis. Tanto dá como tira. “É a vida!” como dizia António Guterres, Secretário-Geral da ONU.
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