Dirigiu-se a Karl.
“Karl, para ti só o real e o concreto contaram. Ou tu não fosses Alemão. O trabalho obcecava-te. Só te esquecias dele quando apanhavas bebedeiras monumentais. Nesses momentos davas largas às tuas envergonhadas alegrias.
Sabes que não sou um fraco... Tive uma hesitação durante um milésimo de segundo... estou cheio de remorsos, querendo desaparecer e viver convosco. Diz que me ouves.”
O tempo passou. Daniel desesperado voltou-se, outra vez, para Jânio.
“Jânio, tu és da minha idade. Vivemos no Brasil o que é possível viver de felicidade neste mundo. Sei que deves estar ofendido com a minha lassidão, a minha inacreditável cobardia.
Os brasileiros são os únicos seres à face da terra que compreendem as fraquezas e sabem tirar todo o prazer da vida. Contigo, eu soube que isso é verdade. Pelo tempo que passámos no Rio, em S. Paulo, em Brasília, em tantos outros lugares de norte a sul do Brasil, eu te peço que me oiças, que me perdoes e sirvas de união entre mim e todos os nossos companheiros.”
Daniel não obteve resposta. A noite entrava, no rosto do riquíssimo industrial. Exausto, sem comer nem beber, continuou a saga, intervalando os seus pedidos e as suas concentrações com estranhos espaços vazios de pensamento. O seu cérebro funcionava como uma lâmpada prestes a fundir-se. A corrente da consciência ligava e desligava automaticamente mas, a reminiscência do que pretendia fazer, levava-o sempre à ideia inicial.
“Racine, meu querido amigo, os nossos negócios atingiram todos os limites. Sempre considerei Paris a cidade do conhecimento, do saber, da cultura. A minha admiração por ti foi sempre muito grande. É a primeira vez que te peço ajuda. Não negues este pedido a um condenado à vida.
Os minutos passavam, os suores invadiam Daniel. Mas habituado a lutar muito e a resolver os seus insucessos pela insistência, pela teimosia e pela persistência, sabia que tinha de continuar.
Na fábrica, só ele e os dois guardas da noite.
Havia câmaras e alarmes que detetavam o mínimo movimento.
Daniel invocou Hernandez.
“Hernandez, também eu nasci na península. Fomos os que mais nos visitámos. Na época, vivia a maior parte do tempo em Cascais, tu ias passar férias a minha casa. Cavalgámos pelas dunas do Guincho. Lembras-te? A Madrid, eu ia menos vezes, mas sabes quanto admiro Espanha. Depois, peregrinos do mundo, como é nosso destino, afastámo-nos. Neste momento, apelo à nossa antiga amizade. Por tudo quanto realizámos juntos, concede-me um ou dois minutos de atenção. Eu necessito saber onde vos encontrais e como vos hei de contactar.”
Coloque a máscara. Não desista. Comece por escrever sobre a sua vida, para ganhar mão. Eu só vou escrever mais 4 ou 5 Capítulos, depois é você que o vai continuar se quiser salvar os Reformados com menos de 400 Euros e o País. Envia-me a sua ideia e eu trabalho-a. O trabalho tem de ser coletivo.
O Governo, seja ele qual for, tem de ser ajudado.
Anterior “Livro à procura de autor”
C.S
. Portugal, País de marinhe...
. Acredito na inteligência ...
. Todos mandam, ninguém se ...
. “Liga” perde combate na c...
. Em 146 a.C destruíram Car...
. O fim da guerra com estro...
. Estupidez criminosa alime...
. Tanto quis ser pobre, que...