- Mato. Mato sim! Esta vergonha nunca a perdoarei! Dei-te tudo! Enchi-te de luxo... de viagens...satisfiz os teus caprichos, desci às tarefas mais desprezíveis para que não te faltasse nada! Vendi-me para te satisfazer!
- Deves estar enganado. Nunca te pedi nada. Foi por ti e só para ti que fizeste tudo isso. Por todo este luxo esqueceste os afetos, o carinho, aquilo que eu mais necessitava. Eu ganho o meu ordenado.
- Agora compreendo como o ganhas! Prostituindo-te com o patrão! Por isso te era indiferente tudo quanto te oferecia e proporcionava. Que puta reles! Eu entreguei-me cegamente a um amor que não existia.
- A um amor que não existia porque nunca o concretizaste. Em vinte anos de casada nunca senti um simulacro de prazer.
- E tem-lo com este velho!
- Sim. Tive-o com um homem que sabe fazer sonhar e cantar o corpo.
- Puta! Não passas de uma prostituta!
- Chama o nome que quiseres. Daniel vale cem vezes mais que tu e não me arrependo, nem jamais poderei esquecer os momentos que ele me proporcionou.
- Não posso acreditar no que estou a ouvir! Retira imediatamente o que acabas de dizer!
- Não! Foi a primeira vez na vida que me senti completamente feliz e realizada.
João de Brito sentiu o ódio encher-lhe as faces, subir-lhe à cabeça. Estava vermelho de raiva. Dirigiu-se à vitrina das armas. Mariana, sentada na carpete manchada de sangue, parecia indiferente a tudo quanto lhe pudesse acontecer. João de Brito apontou-lhe a arma. Mariana olhou-o de maneira provocante.
- Não tens coragem. Amas demais os prazeres da vida. És um cobarde balofo e sem...
“Um tiro no coração calou-a para sempre. Pelas faces de João de Brito as lágrimas caíam sem parar. Como um sonâmbulo percorreu a casa. Em voz entrecortada pelas lágrimas recordou o que lhe aconteceu e o que fizera: "uma vida inteira de trabalho, de luta, de sacrifícios, para quê? Como poderia imaginar que Mariana me traía com um homem que podia ser seu avô? Que vida maldita me foi destinada e que eu pensei ter modificado com sacrifício e trabalho!
Vida tão dura e tão difícil que uns míseros cêntimos eram dinheiro. A morte de meu pai fez-me renascer, olhar bem, o que girava à minha volta.
O Politécnico e a escola da vida ensinou-me tudo quanto foi preciso para vencer. Pelos vistos, esqueceu-se de me ensinar a amar. Tornei-me egoísta.
Logo que alcancei a independência financeira esqueci-me, estupidamente, de Mariana.
Afinal, para que me servem todos os milhões acumulados? Não tivemos filhos. Que faço agora? Entrego-me? Conto a verdade, desapareço?
João de Brito voltou ao quarto onde jazia a mulher.
Por que fizeste isto? Por que tinha eu de te encontrar como te encontrei? Porquê? Porquê, em nossa casa, no nosso quarto e na nossa própria cama?
Gostava muito de ti, Mariana! De tudo o que aconteceu, aquilo que mais me magoou foi teres sido injusta e leviana nas palavras.
Por que havias de ser tu a castigar os meus erros, se os outros, com mais razão, não o fizeram? Precipitei-me na loucura de um ciúme estúpido. De um orgulho ferido. Julgo que não me perdoarás nunca. Não soube fazer a tua felicidade porque o dinheiro e a ambição me cegaram. Deixo-te só com a força que levaste. Pelo menos, tu amaste uma vez na vida. Eu, nem isso consegui. Peço-te perdão.
João de Brito dirigiu-se para o jardim, sentou-se sob os ramos de uma cameleira. Olhou tudo quanto o rodeava. As lágrimas caiam-lhe abundantemente pelas faces, agarrou uma camélia e premiu o gatilho.
CONT
Coloque a máscara.-Os tempos ficaram mais complicados. Com o vírus regressou a pandemia Comunista dos II, III. IV e V Governos Comunistas que espalharam a mentira tantas vezes, que os trabalhadores acreditaram. Agora dizem que o culpado é o Marcelo. Que infâmia e falta de vergonha~culpar o Presidente da República,
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