Depois de ter publicado o Blogue sobre a Criança Cigana, recebi imensos contactos a dizer que devia ter defendido a população portuguesa. Foi também o que sempre fiz. Para que não fiquem dúvidas, logo em 16 de Novembro de 1976, fiz a seguinte intervenção na Assembleia da República:
“Senhor Presidente, Srs. Deputados: a Revolução de Abril, mau grado as múltiplas contradições que a foram acompanhando desde as primeiras horas da sua madrugada, parece ter mantido, sem contradita, a justa intenção de proteger e promover as camadas populacionais, até então votadas ao abandono e francamente carecidas de uma renovação de mentalidades e formas de ação que tornasse possível, à maioria do povo português, viver com dignidade o seu dia-a-dia.
Da Extrema-Esquerda mais recôndita diariamente chegaram as mensagens de proteção e segurança aos desvalidos, dando sempre a entender que no dia seguinte se começaria a cruzada para pôr termo a toda a injustiça social.
Aos revolucionários da primeira hora foram-se sucedendo os gestores públicos de acentuado pendor esquerdista, que mantiveram a campanha verbal e a transmitiram à atual administração socialista, que, por sua vez, a fará transitar em branco para quem de direito.
Uma voz do PS - Para o CDS.
O Orador - Pode muito bem ser para o CDS, que o CDS dará a resposta como deve ser.
Entretanto os camponeses pobres estão mais pobres.
Uma voz do PS - E tu mais rico.
O Sr. Presidente - Srs. Deputados. Pedia o favor de não interromperem o orador. É certo que são permitidos apartes, mas tenho algumas dúvidas sobre se essas intervenções são apartes.
O Orador - ... os reformados mais mendigos, e, como se tudo isto não bastasse, uma multidão de refugiados encontra-se por esse País fora, assinalando em cada vila e em cada aldeia, a tragédia que acompanhou a descolonização.
Quando a ingenuidade revolucionária acabou com os ricos em Portugal...
Uma voz do PS - Quem diria?!
Risos do PS e do PCP.
O Orador - Talvez ninguém pensasse que seriam de novo as camadas mais desprotegidas da população a pagar com o sustento, a saúde e a pouca segurança que sempre tiveram, a ignorância de uns tantos e a cobardia criminosa de muitos mais.
A Reforma Agrária circunscrita a uma parte do País, discutível nas suas linhas gerais e hesitante no seu processo, ignora que Portugal agrícola não é o Alentejo e que não é possível exportar, porque, país nenhum, até hoje, se dedicou à importação de boatos; entretanto as dezenas de milhares de assalariados rurais trabalham de sol a sol, para atingir a gloriosa reforma de quinhentos paus por mês, como diria o popular Vasco Gonçalves...
O Sr. Carlos Candal (PS) - Não fale calão que lhe fica mal.
Risos
O Sr. Presidente - Senhor Deputado Cunha Simões, tenho de o interromper para informá-lo que terminou o seu tempo. Assim, deve concluir imediatamente para não prejudicar o orador seguinte.
O Orador - Lamento ter tão pouco tempo para dizer tudo aquilo que tinha para dizer.
O Sr. Aboim Inglês (PCP) - Mas tem o Templário.
O Orador - No entanto, queria dizer-lhes que houve um período passado onde, com muito menos gente e com muito menos recursos, se fizeram os Descobrimentos. Simplesmente essa gente era outra e os poucos recursos aproveitados, enquanto nesta Assembleia só oiço gargalhadas e o povo português continua a pagar aquilo que os Srs. Deputados não são capazes...
Vozes do CDS - Muito bem
Vozes de protesto dos outros Partidos
O Sr. Presidente - Terminou a sua intervenção Sr. Deputado.”
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