Marselha é um mundo eclético e muito interessante para quem gosta de cidades movimentadas e cheias de emoções.
Conheço Marselha desde há 55 ou 56 anos. Depois estive lá em 1963 e nesse ano a confusão era tal que só lá passei um dia, porque a noite foi muito movimentada.
Apesar de eu me ufanar de não ter medo de nada, característica muito portuguesa, a prudência aconselhava a pôr-me a milhas.
Governar uma cidade como Marselha é preciso ter muita sabedoria e coragem para impor a ordem e dirigir todos os serviços próprios de uma urbe enorme e com um dos portos mais concorridos do mundo.
Os Magrebinos são aos milhares, muitas vezes pensamos que vivemos no norte de África no meio do colorido e do comércio interessante que eles desenvolvem.
Há pouco tempo, os sem-abrigo de Marselha foram obrigados a usar um triângulo amarelo de forma a serem identificados e a conhecerem-se todas as doenças crónicas de que sofrem para desse modo serem assistidos rapidamente.
O método aplicado é repulsivo porque comparado ao sistema nazi que marcava os judeus, como gado para abate.
Os nazis alemães sempre foram muito práticos. Tinham triângulos identificativos para todos, desde os ciganos, às testemunhas de Jeová, aos homossexuais e a estrela amarela para os judeus.
Quando há três semanas li a notícia sobre os sem-abrigo, recordei como triste e revoltado, apesar de nada me faltar e parecer aos olhos dos meus amigos um rapaz despreocupado e feliz, um dia, perante a surpresa e o desgosto dos meus pais disse-lhes que me ia embora de Portugal porque não conseguia viver quando tinha amigos que eram pobres e que havia muitos pobres em Portugal.
Minha mãe, lavada em lágrimas, disse-me que havia pobres em todo o mundo. E que sempre havia de haver pobres porque as pessoas gastam de maneira diferente o dinheiro que recebem.
Teimoso, como um português disse-lhes que podiam dar tudo quanto tinham pois eu não queria nada e parti.
Em Paris imediatamente encontrei trabalho. Para meu desespero havia muito mais pobres em Paris do que em Portugal inteiro.
Há noite encontrava-os às dezenas rebuscando os caixotes do lixo. Eram os “clochards” a quem os franceses, com o sentido da delicadeza democrática, ou dizendo à portuguesa: querendo esconder o sol com a peneira, chamavam de "intelectuais" que gostavam de viver assim e…morrer de frio e fome.
O triângulo amarelo acaba-lhes com a vergonha da verdade, mas certamente lhes salvará a vida.
C.S
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