Os presentes de Natal, colocados na véspera do dia 25 só eram abertos em casa do avô, duas horas antes do almoço e quando todos os 12 netos já estavam reunidos, inquietos, nervosos e barulhentos.
Mal começava a saga das prendas de Natal, havia sempre uma das primas que nunca ficava contente com o que recebia. Gostava mais do que os outros primos desembrulhavam.
À hora de almoço, a discussão e as lamúrias dessa prima pós almoço era tal que o avô contava sempre a história de “A bruxa do Natal, do Madeiro de Penamacor e o Mar Morto para ensinar, sem mencionar a intenção.
A pequenada serenava imediatamente e, mesmo o mais novo, sentado no chão e encostado às pernas do avô ouvia-o quieto e calado.
A história era breve. Acalmava as impetuosidades. Aprendia-se.
O avô tirava um velho mapa. Colocava-o estendido no soalho.
No Médio Oriente fica Belém. Com uma varinha apontava e dizia: ali perto onde o menino nasceu, havia uma bruxa que estava sempre descontente com todas as coisas. Nada a satisfazia. Era invejosa e inventava toda a espécie de mentiras para atingir os seus propósitos. Nunca conseguia, porque estava permanentemente descontente.
Queria tudo e não queria nada. Fazia aquilo só para deixar todas as pessoas tristes e pesarosas por não saberem o que fazer para a contentar.
O avô explicava o significado de todas as palavras.
Quando um dos netos queria precipitar o fim da história, perguntava:
Avô, e o que aconteceu à bruxa insatisfeita?
E o avô terminava dizendo: o que acontece sempre a quem não sabe o que quer e não emenda a sua maneira de ser. À bruxa aconteceu pior. Como entre Israel e a Jordânia existe o Mar Morto. Chama-se assim porque a vida marinha não existe devido à quantidade de sal ser muito elevada, a bruxa que estava a choramingar por causa de um papelito, quando ele voo e caiu no mar, ela mergulhou naquela água pesada. Nunca mais apareceu.
Os rapazes do Madeiro, em Penamacor, junto à Igreja, quando ele arde com mais força nos dias 24, 25 e 26 de Dezembro, dizem que, às vezes, o fogo faz uma silhueta parecida com a da bruxa a aquecer-se, cheia de frio e arrependida. Ela promete nunca mais ser invejosa e intriguista, nem estragar o prazer dos outros.
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C.S
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