Desde que me lembro, Portugal foi sempre um País democrático, tanto apanhava o pobre como o rico.
Recordo-me que no fim do segundo mês de ter ido para a escola primária, hoje, primeiro ciclo do Ensino Básico, que eu adorava por aprender a ler bem e jogar à bola nos intervalos. Um dia o José Rego, com um chuto meteu um golo numa vidraça da escola. Parámos imediatamente e ficámos a olhar uns para os outros a prever borrasca da grossa. Bem dito, bem feito, passados uns minutos apareceu o Professor José Manuel Landeiro, com a bola na mão e muito nervoso.
Era ótimo professor, mas não se inibia de castigar à mínima falta, depois de, logo no início do ano ter definido as regras. Uma delas era não jogar à bola daquele lado onde tinha sucedido o desastre.
Encolhidos, e ao lado uns dos outros, ouvíamos o sermão em voz mais alta do que o normal. Ele foi andando à nossa frente como se quisesse pelo fácies descobrir o canhestro.
Como a nossa cara de anjos chineses não lhe permitisse descortinar o vilão, gritou: quem fez isto? !!!!
Fez-se um silêncio tal, que até os pássaros se calaram.
O Zé Manel, como a miudagem se referia a ele, quando não estava presente, voltou a gritar, agora mais enervado: quem fez isto?!!! E apontava para o estilhaçado vidro da janela.
O Zé Rego estava à minha esquerda, o professor mesmo à nossa frente. Ao lado do Zé estava o Gonçalves e o Cândido. Ao meu lado estava o Ginja. Quando todos olharam para o Zé Rego, eu disse foi este. O Zé Manel puxa o braço atrás e zás.
Mas o Zé Rego e o Gonçalves baixaram-se instintivamente e a chapada assentou-me em cheio na bochecha esquerda.
Por inacreditável que pareça, o professor, talvez devido ao seu estado exaltado, não reparou que eu tinha sido a vítima e regressou à sala de aula resmungando novas sevícias.
Os meus colegas, logo que viram que o justiceiro tinha desaparecido, riram a bom rir e fartaram-se de me gozar.
Esta punição inesperada teve um efeito fabuloso. Aprendi que nunca devia acusar ninguém, antes pelo contrário tornei-me um defensor feroz dos mais fracos e dos injustiçados.
Por outro lado comecei a admirar o Professor José Manuel Landeiro, que por qualquer razão, quando fazia uma pergunta, um pouco mais complicada, me deixava sempre para último e, quando eu hesitava dizia: puxa pela cabeça. Normalmente a frase destapava a ideia e eu respondia certo.
Bendita a Escola do Estado Novo que cimentou a amizade e a fraternidade e conseguiu tirar um povo paupérrimo da miséria até que o monstro da ignorância, da estupidez, da demagogia e da hipocrisia regressaram em força a este país, sacrificaram e humilharam o povo e aqui ficaram sem tempo definido para abalar.
C.S
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