Neste tempo incerto em que vivemos recordei-me de Rosa Ramalho, da sua vida, da sua infância, das suas enormes dificuldades.
Rosa Ramalho passa por três regimes: o Monárquico, durante 22 anos; a Primeira República, 16 anos, e a Segunda República, 51 anos, batizada por Salazar de Estado Novo.
A vida naquela ocasião era extremamente difícil. Se o tempo da Monarquia foi mau, o da Primeira República foi péssimo e o da Segunda só melhorou a partir de 1940. Mas para Rosa Ramalho as canseiras pareciam não ter fim. A lide da casa, os sete filhos e a ajuda ao marido, que era moleiro, nunca lhe deram um momento de descanso.
Quando o companheiro faleceu, ela estava com sessenta e oito anos, e as dificuldades se até aí se suportavam, de repente percebeu que não se poderia deixar vencer pelas agruras da vida.
Rosa Ramalho não baixou os braços, como em criança tinha aprendido a trabalhar o barro, enveredou por essa via para garantir o sustento.
O Estado Novo apoiava o artesanato fazendo a propaganda dos objetos criados a partir da matéria-prima.
Rosa Ramalho distinguiu-se imediatamente dos outros oleiros. As suas peças gritavam dores que saltavam nas expressões das figuras criadas pelas suas mãos de magia, que a imaginação comandava.
O Estado Novo, para apagar o desalento que a Primeira República tinha gravado profundamente naqueles que a viveram e sofreram, incitava o povo a trabalhar e a poupar porque os antepassados tinham conseguido fazer o que nenhum outro antes ousara. Tinham descoberto novos mundos à custa de tremendos sacrifícios que acabaram por valer a pena.
O levantar da autoestima e os exemplos de poupança dados pelos governantes, e especialmente por Salazar, fizeram que todo o povo se enchesse de coragem e Portugal atingisse a prosperidade prometida pelo Estado Novo. E mais não avançou porque faltava gente para fazer trabalhar novas fábricas e por esse motivo os cofres estavam cheios de dinheiro que não podia ser aplicado.
Em 1968 passei uns dias em Sintra, em casa de uma amiga italiana e mais dois casais de italianos. Um deles adorava Portugal. Falava fluentemente português. Sugeri-lhe que fosse a Cascais mais os amigos e a esposa porque havia uma feira de Artesanato. Disse-lhe: deve lá estar a Rosa Ramalho, não perca.
Veio emocionado. Ainda hoje guardo uma peça de Rosa Ramalho que ele me ofereceu.
Falou com a Rosa. Quando ele lhe disse, ébrio de satisfação: a senhora é uma artista! - Ela, naturalmente, respondeu:
Sou, na arte de ganhar a vida.
Neste momento também os portugueses têm de fazer das tripas coração: preferir os produtos portugueses para evitar as importações e as greves que cerceiam o trabalho e aumentam as despesas que prejudicam o país no seu todo e, com maior gravidade, os que têm menores rendimentos.
Levantar a alma e o País só depende dos portugueses e da sua vontade de vencer a vida e ter orgulho em Portugal.
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C.S
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