Nada melhor do que um balde de água fria para acalmar estes calores de Verão e perturbar o comodismo dos marajás de Bruxelas.
Eu, que sempre vivi sem coleira, compreendo a livre asneira.
A primeira vez que pisei as Ilhas foi para experimentar os Campos de Trabalho para jovens.
A Mocidade Portuguesa tentava dar os primeiros passos. Como sempre não queria dar aso aos críticos do engano e do parece mal. A M.P ficou-se pelos acampamentos, prolongamento das férias e dos encontros com todos os jovens do Império Português.
Na Grã-Bretanha os jovens iam para os campos saborear o prazer do trabalho, receber umas libras, comer, dormir e trocar ideias com jovens, ruidosos e fraternos de mais onze ou doze nacionalidades diferentes.
Na segunda vez já me fiquei pela zona de Leicester Square, pelos teatros, pelas livrarias e por um pequeno, mas agradável cubículo, com aquecimento e chuveiro por alguns pence.
Às minhas divagações literárias, de principiante que pensa salvar o mundo com os seus pensamentos, juntou-se, por acaso, uma jovem alemã que tinha ido a Londres passar um fim de semana depois de um exaustivo ano de trabalho. A Alemanha ainda lambia as feridas da guerra. Mas ninguém se queixava. Ela trabalhava das 7 da manhã até às 9-10 horas da noite e verifiquei que aproveitava tudo o que pudesse servir para recuperar o país. Confirmei isso por uma pasta de dentes vazia que tinha deitado para o cesto do lixo e ela aproveitou. Esse ato serviu de conversa para ela me contar a vontade de fazer da Alemanha um país rico e sem complexos.
Quando a deixei no Metro que a levaria ao aeroporto de regresso a casa, já estava cheio de saudades e de sonhos.
De volta à minha cela dei espaço às pernas, escolhi a melhor saída de Metro e fui debicando as livrarias. Numa delas encontrei uma escultural deusa, cor de ébano. O coração quase me saltou da boca. Como estava na zona de história rapidamente meti conversa, a que ela acedeu sem problemas. Acabámos a tomar café e a comer uns bolinhos.
O resto do mês que estive em Londres, esse espanto de mulher, foi a minha companhia.
Soube, quando regressei a Portugal, que ela trabalhava na limpeza de ruas em Londres. A sua cultura, a sua beleza e educação nunca me fariam imaginar que aquela Jamaicana, autêntica rainha do prazer doce e quente, gastava as suas forças limpando as ruas de Londres.
Os ingleses são autênticos senhores. Sabem comandar o trabalho. Ao provocarem o tsunami mostram o desprezo pelo Continente, incapaz de encontrar a política que solidifica o pensamento e a prosperidade dos povos.
Não lamento o abandono. Tal como o homem esquece rapidamente o que o deixa perdido de calores, também a União Europeia encontrará o seu novo caminho, desta vez, determinada a não errar no austerismo cego dos mordomos que esparramados em Bruxelas ainda não compreenderam que, cada uma das 27 nações, tem povos muito diferentes; ciosos que os tratem bem, mesmo que não lhes deem nada.
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C.S
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