Uma das coisas que sempre me deu muito gozo foi vencer as dificuldades.
Desde os dezassete anos, nas férias de Verão, entrava pela Europa e logo que gastava o dinheiro que os meus pais me davam, em vez de regressar procurava trabalho.
Isso fez que a minha descontração e conhecimentos aumentassem tanto que pelos meus 22 anos, em vez de estudar fui para Londres e consegui escrever quatro livros. O vício da escrita era tão forte e tinha, julgava eu, tanto para dizer que, quando saía do pequeno quarto para respirar uns minutos o ar fresco, parecia um bêbedo, tal era o cansaço.
Passado anos, a minha mulher depois de me avisar, dezenas de vezes para arrumar a papelada; começou a ameaçar-me que metia tudo aquilo no lixo. Foi o que aconteceu. Com as mulheres não vale a pena discutir. Elas ganham sempre. Encolhi os ombros e continuei a rabiscar.
A Europa ensina-nos a não ter peneiras, a ganhar dinheiro, a apontar-nos os erros ou a salientar os méritos e isso aumentou ainda mais a minha descontração e a não dar importância a tudo aquilo que a não tem.
Era eu Deputado na tasca de S. Bento, como lhe chama o General Humberto Delgado no seu livro “Da Pulhice do Homo Sapiens” pág. 137, quando o meu amigo Manuel Guimarães, que está no Infinito à minha espera desde 1997, me telefonou para casa para ir beber um café ao Hotel dos Templários em Tomar, onde ele era Diretor. Respondi-lhe: tem juízo.
Ele insistiu: “o hotel está sem ninguém, etc.” Depois de me fazer caro durante dois ou três minutos, lá fui.
O Manel, por detrás do balcão do Bar e eu sentado num dos bancos. Mal tínhamos começado o descasque nacional, chega o Sr. Galvão que era o maioral do pessoal menor e diz para o Manel Guimarães:
- Ó senhor doutor, não temos ninguém para almoço, o hotel está vazio.
O Manuel: “pode mandar o pessoal para casa. Eu tomo conta disto. Deixe um rapaz na portaria. O ajudante de cozinheiro que fique para preparar o jantar. Pode mandar tudo embora.” O Galvão assim fez. Passados uns vinte minutos chega afogueado: “Sr. doutor chegaram duas camionetas de turistas ingleses. Que faço? Não temos ninguém para os servir. O Manel que nunca desperdiçou nem um cêntimo respondeu-lhe: nem pensar! Temos o ajudante de cozinheiro, está o rapaz da portaria, está você, eu vou servir às mesas e, olhando para mim disse-me, e tu tomas conta do bar. Os preços estão todos à vista.
- Nem penses! Eu, Deputado!
- É altura de fazeres alguma coisa de útil. E virou-me as costas.
Passado quase uma hora os turistas começaram a aparecer e eu a servir-lhes brandy, whisky, etc.
Quando a saga terminou, o Manel olhou para o pires com as gorjetas. Calmamente arrebanhei tudo. O Manel aflito disse: metade para cada.
Olhei-o sobranceiro: deixa-te de choradeiras. Já viste o que me acontece se vão fazer queixa no Parlamento? Ainda devias colocar mais algum.
Nunca gozei tanto aquele maná. Mas o Manel, para quem o dinheiro era sagrado, quando nos encontrávamos começava sempre a conversa:
- Ó judeu de Penamacor…
C.S
. Portugal, País de marinhe...
. Acredito na inteligência ...
. Todos mandam, ninguém se ...
. “Liga” perde combate na c...
. Em 146 a.C destruíram Car...
. O fim da guerra com estro...
. Estupidez criminosa alime...
. Tanto quis ser pobre, que...