Sou o pior dos homens e conheço os meus defeitos.
O grave do problema é que muitos portugueses também são assim o que me entristece e me dá um carácter azedo na descontração e boa disposição que aparento.
Por mais que me tente emendar continuo um tigre à solta que percorre a selva como bem entende sem prestar contas a ninguém.
Há mais de dois mil anos, Sérvio Galba, no século III A.C, referia que tinha informações que na parte mais ocidental da Ibéria havia um povo muito estranho: "não se governa nem se deixa governar". Falava dos Lusitanos que estão na Ibéria desde o século VIII A.C.
Salazar conhecia este espírito indomável dos portugueses e aproveitou aquilo que os outros povos classificam de defeitos para lhes exaltar as qualidades.
Através de uma política inteiramente virada para o povo, Salazar, consegue captar a sua confiança.
Os campos voltam a ser semeados na totalidade. A floresta floresce como nunca tinha acontecido e lavradores e trabalhadores rurais dão de comer a todo o país sem fazer importações e criar mais dívida do que aquela que a Primeira República tinha deixado e que a Ditadura Militar não tinha conseguido resolver.
Quando Salazar aceita o Ministério das Finanças, são os próprios militares que lhe asseguram a paz necessária para levar o projeto adiante. Eram os mesmos militares que em 1922 tinham garantido ao Governo de então que o exército assumiria o encargo de assegurar a ordem, depois do escabroso assassinato de António Granjo, Primeiro-Ministro, e de Machado dos Santos, o único homem a quem se deve verdadeiramente a implantação da República em 1910.
Como não conseguiram esse desiderato, Gomes da Costa e Mendes Cabeçadas afirmam que vão Governar em Ditadura, mas é Óscar Carmona que assume esse desejo manifestado pelo povo que vivia miseravelmente, por causa da instabilidade dos governos e da falta dos alimentos mais comezinhos.
Quando oiço na Antena 1, nas quintas-feiras à tarde, uma atrasada mensal espanhola falar em Ditadura Portuguesa sem fazer ideia do que está a falar apetece-me desmontar a ignorante. Vamos ver se me consigo conter.
Eu sou filho deste País, mas desde muito novo sempre me senti cidadão do mundo. Por onde andei e trabalhei sempre o fiz com prazer.
Quando voltava a Portugal sentia primeiro uma alegria imensa e aos poucos entristecia. Achava que ele podia ainda ser melhor.
Para mim, Portugal era o País onde eu me sentia totalmente livre. Em todos os outros havia sempre regras que obrigatoriamente tinha de cumprir. Aqui podia haver regras, mas só as cumpriam aqueles que são naturalmente cumpridores.
Eu que nunca fui militar tenho imensos amigos militares que foram meus colegas de estudo e que eram tão ou mais irreverentes do que eu. Quando lhes pergunto se eles alguma vez sentiram falta de liberdade antes do 25 de Abril, mesmo que o possam dizer contrariados, todos eles afirmam que sempre disseram e fizeram o que lhes dava na gana.
Quando publiquei em 2007 o livro “Salazar vítima da ignorância”, termino dizendo que “Nada do que me possa acontecer me preocupa porque morri de tristeza”.
Contínuo triste e desiludido comigo próprio porque o meu País está triste e ainda não consegui pensar a maneira de tornar felizes todos os portugueses.
C.S
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